Referência Bibliográfica:
Jain, N., & Fan Gaskin, J. C. (2025). Minimally Invasive Glaucoma Surgery: Is It Here to Stay?. Clinical & experimental ophthalmology, 10.1111/ceo.14571. Advance online publication. https://doi.org/10.1111/ceo.14571O Congresso Mundial de Glaucoma de 2025 reuniu especialistas de todo o mundo para discutir avanços cirúrgicos, inovações tecnológicas e abordagens diagnósticas desafiadoras, com destaque para os casos complexos.
Alta Miopia e Glaucoma: diagnóstico e abordagem em debate
O manejo do glaucoma em pacientes com alta miopia foi um dos temas de destaque. Não houve consenso sobre a melhor abordagem cirúrgica – com defesas bem fundamentadas para o uso de iStent, Hydrus, Preserflo e trabeculectomia. A escolha deve considerar cuidadosamente o contexto clínico e os riscos anatômicos associados à alta miopia.
Do ponto de vista diagnóstico, as distorções estruturais em olhos míopes desafiam a acurácia do OCT e do campo visual. A tecnologia ROTA (RNFL Optical Texture Analysis) foi apresentada como uma ferramenta promissora para diferenciar danos glaucomatosos reais de artefatos. Também se discutiu a necessidade de bancos de dados normativos específicos para esse perfil de pacientes.
Tecnologias que ainda não chegaram ao Brasil
O congresso apresentou uma série de dispositivos e técnicas inovadoras ainda indisponíveis no mercado brasileiro. Entre elas:
Catarata e Glaucoma: o valor da individualização
A estabilidade refracional proporcionada pelos MIGS foi defendida como superior à das cirurgias filtrantes, especialmente em pacientes que exigem previsibilidade visual. Também foram discutidas contraindicações para o uso de lentes multifocais em glaucomatosos – com evidências de perda de até 2 dB de sensibilidade visual. Outros temas abordados:
Goniotomia segmentar ganha força
A comparação entre goniotomia 360° e segmentar apontou vantagem para a segunda, com eficácia semelhante, menor risco de hifema e pico hipertensivo, além da preservação da malha trabecular para futuras intervenções. Destaque para a afirmação de que 120° de goniotomia são geralmente suficientes.
Glaucoma de ângulo fechado: menos pode ser mais
Dentre as estratégias cirúrgicas, destacaram-se:
Tanito: reutilizável, segmentar e eficiente
O Dr. Masaki Tanito apresentou as três versões do microhook (Original, Shoji e T-hook). Sendo defendido como eficaz, custo-benefício, além de reutilizável. Em estudos comparativos associados com faco, mostrou redução pressórica superior ao iStent W e com menor custo por mmHg reduzido.
Tubos: realidade crescente fora do Brasil
Houve ampla discussão sobre o uso de tubos no exterior, com destaque para o tubo Paul, de menor calibre. Foram discutidas estratégias de implante em câmara anterior, sulco e pars plana, além de técnicas de recobrimento (inclusive com cápsula própria). Complicações como erosão e uso de mitomicina também foram abordadas.
TREC continua relevante: atualizações e manejo de complicações
A trabeculectomia foi bastante debatida, especialmente em casos avançados. As complicações mais frequentes e estratégias de reabordagem foram tema de sessões específicas, com destaque para o uso de sutura transconjuntival e o manejo de quadros de hipotonia precoce e superfiltração.
Glaucoma neovascular: abordagem escalonada
O glaucoma neovascular (GNV) foi tema de discussão, especialmente no contexto de casos refratários. Uma das estratégias abordadas incluiu:
Outros destaques
Conclusão
O congresso reforçou que, diante da multiplicidade de apresentações clínicas, o tratamento do glaucoma precisa ser cada vez mais personalizado. A tendência global é de combinar segurança, estabilidade visual e preservação anatômica, com um olhar cuidadoso para novas tecnologias – desde que bem indicadas.